quarta-feira, agosto 30, 2006

Carta a um amigo com muitos medos

Para o Choco :

..Amigo,A tua vida pacata sofreu uma mudança repentina e ficaste assustado. É normal, sabes, o amor nem sempre chega de mansinho, nem sempre floresce de uma grande amizade. Às vezes, chega em forma de furacão e arrebata tudo pelo caminho. Deixa-nos maravilhados com a sua beleza assustadora e também ficamos perdidos porque já não reconhecemos a nossa paisagem emocional.

As dúvidas assaltam-nos: será que vai dar certo? Será que estamos ao mesmo nível? Será que as personalidades combinam? Os medos também chegam sorrateiros e dizem: será que caminhamos para o sofrimento? Será que vai durar mais que uns dias ou meses? Será que nos quer realmente e não nos vai abandonar e trair daqui a nada?

Ao mesmo tempo, ficamos como que obsessivamente a pensar no outro. Onde estará agora? Será que estará a pensar em nós? Quem são esses outros que andam à sua volta? Serão ameaça a um desabrochar desta paixão nascente? Os pensamentos caem como flocos de neve e formam bolas que rebolam pelas falésias da mente, formando avalanches que nos submergem.

Queremos o outro mais que tudo e não queremos. Precisamos do outro para sermos felizes e precisamos de estarmos sós para pensar… incansavelmente no outro. Ficamos dependentes a este sentimento e desejamos a liberdade perdida. Sentimo-nos divididos em dois e não conseguimos escolher. Somos marionetes inúteis, manipuladas pela paixão.


Bem sei como te sentes, assim perdido entre escolhas, dúvidas, medos e sonhos. Sei que precisas de ultrapassar certas mágoas passadas e de te projectares no futuro. Mas, não percas demasiado tempo a viver em tempos longínquos passados e futuros. Aprende a apreciar os pequenos prazeres da vida, as oportunidades felizes que surgem, as coincidências que só acontecem uma vez na vida, os presentes do presente.

Não procures mais sinais. Os sinais estão dentro de ti. Basta estares atento. Não fiques parado assim. Sente o momento. Dá uma oportunidade a ti mesmo. Deixa o amor revelar-se. Se for verdadeiro, não morrerá. Se não for, pelo menos, não te poderás arrepender de não ter tentado.

Amore captus, carpe diem, carpe noctem…

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